Hoje, sinto-me uma poetisa afogando-me em rimas, sem motivos para tanto escrever e sem um gosto de vida para criar emoções que irão manter o pulso do meu coração. Não vejo, mas sei que a vida ri para mim, mesmo não sentindo, sei que o tempo retoca minhas faces e muda meus traços sem pedir permissão, parece desfigurar minha juventude, enganando meus olhos num reflexo sem nexo. As mãos estendem-se para agarrar os sonhos que ainda não foram realizados, mas são cortados pelo medo que desconhece os caminhos por onde irão me levar. O tempo não para, não espera por ninguém, mesmo não contando os dias, ele passa e deixa para trás o rastro marcado em mim, feito um quadro na parede, pintura desbotada, porém com moldura intacta, porque guarda ainda esperanças que a poeira não manchou. É preciso saber se ainda há vida nesse sonho, que olhando, eu possa enxergar com a alma e apreciar com o coração.
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