Será que devo culpar o tempo por distanciar as pessoas, por
deixar os sentimentos irem dissipando-se como se fossem rochas que se desfazem
com a força da água até virarem areia?
Será que as pessoas com o crescimento físico e mental,
juntando com experiências vividas e decepções, tornam-se mais frias,
desacreditando nos sentimentos e com isso, fecham-se para as amizades e até
mesmo para o “amor”?
Será que são os problemas da vida o responsável por tudo
isso? Porque os problemas da vida,
muitas vezes, vêm em sequencia e agem de forma tão violenta em nosso cérebro,
que como um efeito dominó, vão destruindo tudo. Tiram-nos a paz, o sono, a paciência e por vezes a fome, nos afastando
da convivência com os amigos. Os problemas da vida são tristes e na maioria das
vezes, acabam afetando quem está ao nosso lado, quem não tem culpa de nada, ou
nos privam da liberdade, dos sonhos, da harmonia com a nossa própria natureza,
deixando marcas que vão doer por muito tempo, em nós.
Mesmo assim, continuamos vivendo, seguindo em frente, muitas
vezes com um olhar no passado, agarrando-se num único fio que restou de tudo
que um dia foi nosso, ou pensávamos que era nosso. Tínhamos amigos, uns eram nossos companheiros
de diversão, alguns confidentes, outros conselheiros e aquele que estava ali
sempre que dele precisávamos, para tudo, em qualquer momento ou situação. Esse amigo
jurava que seria amizade eterna, juramos
juntos, essa amizade. Agora, aqui sozinha, sentindo todo peso da solidão, das
perdas, das decepções, estendo a mão e não mais encontro a dele. Então mais uma
vez eu pergunto: Onde estão os amigos, as pessoas, todos???
Não sei responder, deparo-me com muitas pinturas desbotadas
e sem vida, deixando a sombra tomar o lugar dos sentimentos e das memórias, de
tudo que um dia existiu.